Depois da fantástica afirmação da chanceler alemã Angela Merkel em plena campanha eleitoral, numa pequena localidade da Renânia do Norte - Vestefália, onde em tom impositivo criticava a duração de férias e a idade de reforma na Grécia, Espanha e Portugal, li também um grande artigo no semanário "SOL", intitulado "Portugueses trabalham mais do que alemães e finlandeses".
Antes de mais, como em Portugal muitas vezes de verifica, o populismo eleitoralista não tem bons resultados, e as declarações da chanceler alemã parecem que não foram propriamente acertadas, como se verifica num artigo do Diário Económico.
Mas voltando ao artigo do "SOL", é exposta a relação da produtividade dos trabalhadores europeus, fazendo a comparação entre os vários países, tendo em conta as horas de trabalho por semana e o PIB por hora trabalhada. Para mais pormenores ver o artigo no site do semanário, mas em resumo é indicado que em Portugal trabalha-se 38,9 horas por semana, gerando cerca de 21€ de PIB por hora. Na Alemanha, 35,7 horas para gerar 37€ de PIB por hora. Na Finlândia, 37,1 horas para 32€ de PIB por hora.
Primeiro aspecto: se tivéssemos que trabalhar mais horas para nos aproximarmos do PIB dos países mais produtivos, provavelmente teríamos de trabalhar em média mais de 50 horas ou mais por semana, situação que não é muito realista. Ter menos dias de férias também não é solução.
Segundo aspecto: no artigo do SOL, citando a economista Aurora Teixeira, «A questão não é trabalharmos mais, mas sim de forma diferente», rematando que «trabalhar mais horas não significa produzir mais».
Terceiro aspecto: a solução para o problema da produtividade em Portugal, está relacionada com a questão de produzir melhor, com mais valor acrescentado - embora também se produzirmos um pouco mais não nos fará mal nenhum. No artigo do SOL, Aurora Teixeira dá o exemplo do sector do calçado onde o desempenho teve melhorias significativas. O sector passou de uma situação de produção em massa, para uma produção diferenciadora, apostando em tecnologia, qualidade e design. Desta forma a competitividade do sector melhorou significativamente, com a criação de valor.
Concluindo, a produtividade não deve ser medida apenas em quantidade ou em números, mas também em qualidade, competitividade e criação de valor. A solução não está simplesmente em trabalhar mais horas, mas trabalhar melhor. Mas dado a nossa situação, o ideal será sempre trabalhar mais e melhor.
Estão a pensar que trabalham muito? Não percam tempo a pensar nisso e trabalhem mais um pouco.
The Obvious Revolution