Ads 468x60px

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Gestão doméstica nas empresas públicas

Se pensarmos bem a ideia não é tão absurda como parece. Do ponto de vista prático torna-se ainda mais plausível, porque ao observarmos tão má gestão, tanto dinheiro mal gasto, tanta falta de competência e/ou falta de sentido de responsabilidade, então qualquer gestão de dona de casa que funcione será sempre mais positiva do que gestores de topo, que de topo só têm as regalias.
Ilustremos então um pouco para vermos como uma gestão de empresa baseada em princípios simples de gestão doméstica podem e devem ser aplicados e podem trazer grande benefícios.
Problema 1, abastecimento de frigorífico. Ao planearmos aquilo que precisamos para reabastecer o frigorífico lá de casa, seja compras do mês ou da semana, não vamos certamente comprar uma quantidade tão grande que encha 3 frigoríficos, porque em primeiro lugar só temos um frigorífico, e em segundo lugar porque não temos 30 pessoas a jantar lá em casa todos os dias. Simples aritmética, não é necessário estudar em Inglaterra para perceber isto. Porque é que se continua a promover um aumento de chefias desmesurado, assessores e assistentes a torto e a direito. Não haverá limites? Em muitas empresas um chefe quando verifica que o subordinado não aguenta com o trabalho equaciona se o mesmo é eficiente e tem capacidade para a função que desempenha, isto antes de contratar mais 4 ou 5 colaboradores de um dia para o outro. 
Problema 2, o tipo e qualidade das compras. Quando vamos ao talho comprar carne, provavelmente não iremos escolher apenas bifes do lombo, nem pedir ao talhante que queremos apenas carne de vaca de médio porte, malhadas a 1 terço, que come apenas em pastagens verdejantes o ano inteiro a temperaturas amenas, porque seriamos interrompidos por um cutelo voador que nos passaria a milímetros da orelha. Não podemos viver apenas de bifes do lombo e caviar. Quando se fala em viaturas para administradores, regalias compreensíveis até certo ponto, ninguém está a pensar nos administradores de lambreta (a ideia até não é má de todo) mas porque é que tem de ser carros de valores absurdos quando cortando 20 a 30 mil euros por viatura conseguem-se viaturas perfeitamente razoáveis. Se é status que almejam, entendam que status é como a reputação, se se pagar, pagasse do próprio bolso.
Problema 3, o consumo de água. Em casa de uma família de 3 ou 4, quando todos tomam banho, porque é que não se deixa a água a correr entre os banhos de cada um? Porque é que não vou fazendo a barba enquanto a água do duche vai aquecendo? Porque é simplesmente estúpido! É uma anormalidade, é deitar dinheiro à rua, é gastar água para limpar os canos.  Porque é que as chamadas despesas de representação são desproporcionadas relativamente ao que é realmente necessário. Ninguém dirá que um alto quadro leve um cliente a almoçar ao balcão de um snack-bar ou tragam a "marmita" de casa, mas será necessário ir ao mais caro da cidade, gastar o equivalente num almoço que nos almoços de um departamento inteiro durante um mês? Mais uma vez não é necessário de estudar em Oxford para perceber isto, é matemática da 2ª classe.
Problema 4, consumo de electricidade. Em casa, podemos deixar algumas luzes estrategicamente acesas pela casa fora, tipo luzes de presença, para o caso de acordarmos a meio da noite e encontramos o caminho para a casa de banho, ou para o gato passear à vontade. Podíamos, mas para além e não ser a mesma coisa era uma tremenda idiotice. Ora nesse caso porque é que existem gabinetes de administração com consumos energéticos equivalentes a andares inteiros, luzes decorativas que todas juntas iluminavam um estádio de futebol? Porque é que eu não tenho 4 candeeiros na mesa de cabeceira?

Ora, se realmente pensarmos um bocadinho só, o quotidiano doméstico, aquele tipo de actividade que requer MBA's em Gestão Familiar Aplicada de Domicílios, vulgo aquilo-que-fazemos-todos-os-dias-lá-em-casa e que qualquer empregada doméstica (com altíssimo respeito pela função) faz de olhos fechados, é perfeitamente aplicável à gestão de empresas públicas. E talvez assim conseguimos colocar as empresas a funcionar como empresas, com colaboradores satisfeitos e administradores muito mais eficientes e baratos!
The Obvious Revolution

0 comentários:

Enviar um comentário