Mas o que me faz puxar esta questão é uma intervenção do Presidente da República português numa conferência no passado dia 21. A questão levantada sobre o alheamento de Portugal em relação ao mar é, na minha opinião, mais que relevante, especialmente ao ser colocada em relação ao tempo perdido na discussão do TGV e novo Aeroporto. Claro que estes dois últimos são infraestruturas de transportes que estimularão muito a economia, vão trazer emprego e desenvolvimento a zonas desfavorcidas, mas são insuportáveis nesta altura.
Não pensar no mar como uma das formas de melhorar a nossa economia é, para além de ignorar totalmente a nossa herança e história, perfeita ignorância. O mar, para Portugal que tem uma costa enorme (para além das ilhas), com potencialidades ao nível do turismo, transportes, recursos naturais, construção naval e energias renováveis, é um meio económico históricamente viável. A isto podemos acrescentar ainda a posíção estratégica do país relativamente à Europa, mas também relativamente ás principais rotas marítimas, relativamente ao atlântico sul, à América do Sul e África especialmente.
Tal como no funcionamento da economia, nas questões de competitividade, não devemos tentar competir em mercados demasiado sobrelotados, contra concorrentes bastante maiores e muito melhores. Devemos tentar a diferenciação e apostar naquilo que somos realmente bons e com os recursos que dispomos. O mar para Portugal é naturalmente central.
Como é que temos uma marinha mercante quase insignificante, como é que temos portos ineficientes, pouco apelativos, isto sem falar do porto de Sines, claramente subaproveitado. Não falo na questão das pescas já que se trata de um assunto demasiado complexo e controlado por Bruxelas. Mas de restos existem tantas potencialidades que o mar nos pode fornecer e não aproveitamos, ou simplesmente não queremos ver.
Sinceramente, para quê pensar num novo aeroporto, supostamente com ligação a uma série de infraestruturas ferro-rodoviárias que ainda não existem e não existirão tão cedo? Para quê pensar nisso se o movimento não compensa e o custo é demasiado pesado? Para quê pensar num TGV se a rede ferroviária existente não serve o país e em parte nem está em condições?
Podemos pensar no transporte de mercadorias e em entrepostos comerciais ou logísticos, mas não precisamos de uma linha de TGV para isso. Podemos melhorar significativamente os nossos portos para o futuro e a partir daí desenvolver redes de transportes claramente eficientes para os potenciar e maximizar. Porque não pensar em melhorar aquilo que já temos, e caso estivesse sem espaço para melhorias merecia então o tempo para se pensar em alternativas, o que não é sobejamente o nosso caso.
A sustentabilidade também é o aproveitamente eficaz dos recursos existentes, não é fazer tudo de novo. Já não estamos na escola onde queremos ter algo novo porque os outros já o têm...
The Obvious Revolution
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