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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Pingo Doce e o 1º de Maio: uma reflexão

Lendo o Económico online, reparei em dois artigos relacionados com a campanha do 1º de Maio do Pingo Doce. Duas questões diferentes mas a que não resisto uma reflexão.

O primeiro artigo refere-se às declarações de Alexandre Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins, afirmando que «o grupo "não vai repetir este tipo de campanhas", com o argumento de que são caras». Justificava que a campanha «destinou-se a recuperar "vendas perdidas" e rendeu 25 a 27 milhões de euros».
Desde que soube da campanha achei que teria grande benefícios para a empresa em termos de vendas, mas os custos de imagem e comunicação também seriam significativos. Verifica-se, cerca de uma semana depois que as repercussões mantêm-se, focadas mais nos problemas do que no sucesso comercial.
Na minha opinião está é uma campanha que ilustra bem como uma acção comercial que, para além dos problemas de planeamento, tem prejuízos ao nível da imagem e comunicação que, pelo menos, em alguns pontos ultrapassam os proveitos comerciais.
Confirmando-se que não vão repetir este modelo, é no mínimo um sinal da atenção dada aos resultados reais por parte da companhia, ou seja, não olhando apenas para os resultados e proveitos comerciais.

O segundo artigo refere-se à reacção dos consumidores sobre a campanha através de um estudo efectuado. O artigo tem como título "Consumidores aplaudem campanha do Pingo Doce".
Ora aqui a minha questão está para além do interesse dos apontamentos que o artigo tem sobre o funcionamento da campanha, da forma como a mensagem passou rapidamente, etc. A minha questão está mais relacionada com estatística. A forma como o artigo apresenta o resultado, sublinhando que os "consumidores aplaudem", indicando que o impacto da campanha foi positivo, com 29% a dizerem que foi "favorável" e 30% dizendo que foi "muito favorável".
O meu primeiro ponto é que como é apresentado cerca de 59% dos inquiridos respondem favoravelmente, o que sendo mais de metade dos inquiridos, não me parece uma percentagem muito substancial. Numa campanha em que as lojas foram literalmente invadidas por multidões, em alguns casos quase em fúria, comprando centenas de euros em compras de cada vez, eu diria que a opinião dos consumidores ficou mais perto do favorável do que do aplauso.
Outra questão é que foram inquiridas 250 pessoas, uma amostra, mas seria interessante o artigo mencionar se as 250 pessoas foram pessoas que participaram e estiveram na enchente das lojas, ou foram pessoas que deram meia volta quando viram filas e polícia à porta de algumas lojas? Não sendo a minha intenção criticar, serve apenas para reflectir sobre o assunto mas também como nos é apresentado.
No final é questionado um especialista que aponta uma campanha deste tipo como uma "bomba marketeira"...ora para mim nem todos os sucessos de marketing ficam conhecidos pelas melhores razões, tendo por vezes consequências que fazem reverter os objectivos iniciais.
As questões da Responsabilidade Social Corporativa ou Responsabilidade Social Empresarial, na sigla inglesa CSR, podem ser facilmente identificadas, sendo que os objectivos comerciais podem por vezes chocar de frente com os valores e posicionamentos das marcas e organizações.

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