Ao ler artigos e comunicações de algumas grandes empresas portuguesas sobre sustentabilidade, verifico alguns pontos em comum. Sublinho logo de início que existem diversas questões positivas mas, no entanto, continua a existir um pendor e uma certa tentação para falar do que planeiam fazer e do que estão a fazer, mas de uma forma vaga e demasiado subjectiva.
Esta subjectividade pode ser refutada como sendo uma comunicação dirigida essencialmente a conhecedores e especialistas da área e por isso compreensível, mas em alguns casos, até para conhecedores essa subjectividade é levada a um extremo muito próximo da demagogia.
Exemplo disto foi o que li no seguimento de um artigo sobre políticas de sustentabilidade de uma empresa, que incluía algumas perguntas e respostas, um leitor publicou um comentário dizendo que tinha lido e relido o texto e continuava sem perceber qual a política de sustentabilidade dessa empresa.
Usar canais de certa forma generalistas, como a imprensa ou outra comunicação social, utilizando mensagens ou linguagem demasiado técnica, ou até com pouco conteúdo, é praticamente ignorar boa parte dos stakeholders, que também têm acesso a esses mesmos canais. Nota-se ainda a tendência de manter o foco nos accionistas e públicos financeiros, em oposição aos restantes stakeholders.
Cria-se assim espaço para uma de duas questões:
- o conteúdo vago está mais próximo da demagogia do que da realidade da organização, sendo essa estratégia consciente e planeada. Ou seja, a subjectividade é propositada, ficando por perceber qual o objectivo de promover a falta de conteúdo;
- a subjectividade serve para encobrir um certo desconhecimento e falta de estratégia nessa área, para além das acções e iniciativas pontuais e sem grande impacte. Ou seja, o desconhecimento leva a uma estratégia de "mais vale fazer qualquer coisa, do que não fazer".
No fundo, o essencial é colocar na mesa a questão das mensagens e da consistência das mesmas, ou melhor, neste caso a falta de consistência. Será que esta falta de consistência disfarçada serve realmente os objectivos da organização? Será que vale a pena fazer passar qualquer coisa, em vez de nada? Aqui nada será mais consistente.
The Obvious Revolution
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