A crise em Portugal parece não ter fim à vista, mas
especialmente parece não ter solução. Os problemas sucedem-se, os sacrifícios
multiplicam-se, a descrença, a falta de confiança e o desespero instalam-se.
Procuram-se soluções, ideias, caminhos. Procuram-se pessoas
com soluções mas na realidade o que se procura são pessoas que procurem
soluções, desde logo uma das grandes dificuldades. A tendência de esperar que
alguém faça alguma coisa e vez de fazer por isso, confiar sem olhar, ficar
apenas pelas esperanças criando falsas espectativas, irrealistas. Promessas vãs
de pessoas pouco capacitadas embora em lugares de destaque quando o grande
problema está nas pessoas que as seguem ou que simplesmente consentem tudo de
forma demasiado passiva. Deixam-se ficar, viram as costas, fingem não ver,
fazendo parte do problema e não da solução. Nas últimas semanas tenho observado
muito mais chamadas de atenção para aqueles que preferem estar sentados no sofá
de casa do que na rua a marcar uma posição, no trabalho a fazer ver o seu
valor, no global é tudo uma questão de postura.
Mas cada vez mais, cada vez mais importante é perceber que
as soluções estão em cada um de nós, cada um faz parte da solução. Começa logo
por uma questão de atitude, por uma postura de acção, uma proactividade que tem
de ser trabalhada todos os dias, que por inerência estimula e motiva quem está
à volta. A mobilização que funciona para protestar, para manifestar a
insatisfação também funciona para agir, para ganhar o controlo das nossas
vidas, para fazer realmente alguma coisa por nós, pela nossa família, pela
nossa cidade, pelo nosso país. A mudança começa por nós mesmos, não podemos
esperar que as coisas mudem. Li algures num suporte publicitário uma frase de um
grande filósofo da antiguidade clássica que dizia “Nada é permanente, excepto a
mudança”.
E com esta frase tudo começa. Claro que as coisas têm mudado
para pior, claro que a situação tem estado e tem chegado a um ponto
perfeitamente inclassificável. Mas uma coisa é certa: estas mudanças têm
ocorrido com base em decisões de outros, justificadas em fundamentos de outros,
de terceiros, de alguém que cada vez mais desconhece a realidade, o que se
passa na nossa rua. Quem conhece melhor as nossas ruas senão quem lá mora? Quem
melhor para perceber o que é necessário do que quem precisa? Revolução será
apenas algo onde as pessoas se revoltam e nada muda, tiram uns para colocar
outros que farão o mesmo? Ou será algo mais profundo, movimentos de massas,
real mudança no sentido de outra vida, outra realidade, uma alternativa, uma
alternativa melhor?
Independentemente dos pontos de vista nestas questões de
revolução, à parte de ideologias, o meu foco está virado para fazer algo por
mim, por nós. Trabalhar para mudar de vida, empenhados em melhorar e fazer
mais, sem esperar pelos outros, especialmente aqueles a quem não devemos nada,
muito pelo contrário. É um facto histórico que Portugal já passou por outras
crises, maiores ou menores, e conseguiu sobreviver, embora seja verdade que
pouco se aprendeu. Também é um facto que muito do desenvolvimento que tivemos
não se deveu apenas e somente aos governos, à política e aos políticos.
Deveu-se sim aos empresários, aos empreendedores que sempre tivemos, a todos os
que se esforçaram em fazer mais, sempre pensaram em ter mais, sempre sonharam
em chegar mais longe.
Assim, para finalizar, ou melhor, para começar, na minha
opinião boa parte da solução está realmente em nós próprios, não nos outros.
Mas essas soluções não estão apenas no protesto, na manifestação, em assinar resmas
de petições. A solução está em agir, em fazer alguma, coisa, no empenho, na
procura da criação de valor de cada um de nós.
O futuro somos nós, e esse futuro é e sempre foi nosso.
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