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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Produtividade: mais ou melhor?

Depois da fantástica afirmação da chanceler alemã Angela Merkel em plena campanha eleitoral, numa pequena localidade da Renânia do Norte - Vestefália, onde em tom impositivo criticava a duração de férias e a idade de reforma na Grécia, Espanha e Portugal, li também um grande artigo no semanário "SOL", intitulado "Portugueses trabalham mais do que alemães e finlandeses". 
Antes de mais, como em Portugal muitas vezes de verifica, o populismo eleitoralista não tem bons resultados, e as declarações da chanceler alemã parecem que não foram propriamente acertadas, como se verifica num artigo do Diário Económico.
Mas voltando ao artigo do "SOL", é exposta a relação da produtividade dos trabalhadores europeus, fazendo a comparação entre os vários países, tendo em conta as horas de trabalho por semana e o PIB por hora trabalhada. Para mais pormenores ver o artigo no site do semanário, mas em resumo é indicado que em Portugal trabalha-se 38,9 horas por semana, gerando cerca de 21€ de PIB por hora. Na Alemanha, 35,7 horas para gerar 37€ de PIB por hora. Na Finlândia, 37,1 horas para 32€ de PIB por hora. 
Primeiro aspecto: se tivéssemos que trabalhar mais horas para nos aproximarmos do PIB dos países mais produtivos, provavelmente teríamos de trabalhar em média mais de 50 horas ou mais por semana, situação que não é muito realista. Ter menos dias de férias também não é solução.
Segundo aspecto: no artigo do SOL, citando a economista Aurora Teixeira, «A questão não é trabalharmos mais, mas sim de forma diferente», rematando que «trabalhar mais horas não significa produzir mais».
Terceiro aspecto: a solução para o problema da produtividade em Portugal, está relacionada com a questão de produzir melhor, com mais valor acrescentado - embora também se produzirmos um pouco mais não nos fará mal nenhum. No artigo do SOL, Aurora Teixeira dá o exemplo do sector do calçado onde o desempenho teve melhorias significativas. O sector passou de uma situação de produção em massa, para uma produção diferenciadora, apostando em tecnologia, qualidade e design. Desta forma a competitividade do sector melhorou significativamente, com a criação de valor. 
Concluindo, a produtividade não deve ser medida apenas em quantidade ou em números, mas também em qualidade, competitividade e criação de valor. A solução não está simplesmente em trabalhar mais horas, mas trabalhar melhor. Mas dado a nossa situação, o ideal será sempre trabalhar mais e melhor. 

Estão a pensar que trabalham muito? Não percam tempo a pensar nisso e trabalhem mais um pouco.

The Obvious Revolution

2 comentários:

Anónimo disse...

Nao e novo para ninguem que 80% do que produzimos se consegue em 20% do tempo que dispendemos para o trabalho.

Como e logico e tambem toda a gente o sabe, tudo o que e em excesso nao e saudavel. Ou seja, devia haver um equilibrio entre o n.º de horas que se trabalha e a possibilidade que a lei preve para conciliar o trabalho com a vida pessoal.

Por outro lado, existem pessoas com ritmos de trabalho completamente diferentes. Ou seja, ha aqueles que quanto mais cedo começarem a trabalhar, mais produzem ate um limite de horas, a partir das quais ja so estao a fazer sacrificio e nao estao de todo a produzir... Por outro lado, ha quem trabalhe muito melhor o mais tarde possivel, sendo que para tanto tem a necessidade de entrar mais tarde do que e o normal.

Tambem e certo que e mais proveitoso o trabalho se todos ou a maioria estiver a trabalhar no mesmo horario. Mas sera mesmo necessario por ex quem costuma sair mais tarde que o normal (porque consegue produzir muito mais nessa altura) estar presente no local de trabalho a hora normal de todos os outros? Deveria ser encontrado um ponto de equilibrio entre as vantagens de nao ter essa pessoa logo nas 2 primeiras horas do horario normal, por ex. mas dar-lhe a possibilidade de ela sair por ex. 2h mais tarde, se efectivamente essa situaçao se traduzir numa maior produtividade dessa pessoa nesse periodo de tempo em dobro por ex. do que se estiver no local de trabalho durante o horario normal de todos os outros. O mesmo se aplica a quem tem um ritmo onde produz quase tanto em 2h antes do horario normal do que numa semana inteira em que e obrigada a cumprir o horario normal...

Podia-se encontrar agora uma serie de soluçoes, por ex. haver dias em que o trabalhador pudesse ter uma manha ou uma tarde em que nao trabalhasse, compensando durante nos restantes dias com x horas ate perfazer o horario semanal de trabalho.

Tambem o n.º de horas por dia ser o mais possivel, nao significa que se produza na devida proporçao. Ou seja, se calhar se o trabalhador estivesse no seu local de trabalho por ex. 6h por dia, produzia muito mais do que estando 7 ou 8 horas como e a media normal em Portugal. Tal como referi anteriormente, 80% do que produzimos se consegue em 20% do tempo que dispendemos no trabalho. Ou seja, reduzindo o n.º de horas no trabalho, podia ser um factor de motivaçao para os trabalhadores, uma vez que sabendo que tem mais tempo disponivel para conciliar a vida profissional com a vida pessoal, estarao mais focados no trabalho e conseguindo melhores resultados. Por ex. quando e necessario ir tratar de assuntos pessoais ou ir ao medico, etc., que muitas vezes so se consegue durante o horario normal de trabalho, entao o trabalhador fica a dever essas horas ao empregador, ficando mais stressado ainda, ate porque pode ficar mal visto por precisar de se ausentar enquanto todos os outros trabalham!...

Tambem as formas de trabalho deviam ser alteradas, de modo a permitir que os trabalhadores estao efectivamente focados no trabalho e nao em tentativas muitas vezes frustradas de resolver "assuntinhos" que nao levam a lado nenhum...

Enfim, acho que em Portugal se recebe supostamente pelo trabalho de menos horas, enquanto que noutros paises, como a Alemanha, se recebe bem mais e se trabalha menos, mas produz-se muito mais.

Se calhar deviamos era aprender com os paises que mais produzem, saber que praticas adoptam para o conseguirem e adaptar em Portugal essas praticas.

Bruno Slewinski disse...

Obrigado pelo comentário.

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